Hoje vou falar sobre um dilema que é oriundo do preconceito. Afinal, o que cabe a nós quando o assunto é estilo? Será que por eu ser negra ou ser muito baixinha, ou por eu não estar inserida no que se chama de “padrão estético ideal”, eu sou proibida de usar tal roupa, tal maquiagem, tal cor de cabelo?
Um post para homens e mulheres (cis ou trans), negras, branquelas, gordas, magricelas e para qualquer um que se sente privado de seguir seu estilo seja por qual preconceito for ♥
Eu me sinto realmente muito mal quando vejo pessoas escrevendo sobre estilo e começando a demarcar o que é ideal para tal pessoa ou então excluir outras, porque julgam que aquilo não lhes cabe. Hey, por favor, né? O que nos cabe vestir ou experimentar é o que a gente gosta e não o que o padrão social deseja. Já li muitas vezes pessoas falando “ai, eu queria pintar meu cabelo de rosa, mas eu acho que não combino muito porque sou negra, né?”. Né? Não, é lógico que não. A partir do momento em que você se sente bem com uma coisa, ninguém deve lhe falar se você fica bom com aquilo ou não a não ser você mesmo.
Infelizmente isso é culpa de uma mídia opressora, imperialista e padronizada esteticamente, que nos julga e nos escolhe o que devemos ser para sermos considerados normais, e se sairmos fora desse padrão, somos estranhos ou “não combinamos”. Uma mídia que ainda utiliza de resquícios do darwinismo social para impedir negros ou os próprios resquícios de uma febre de magreza que surgiu nos anos 60 com a Twiggy para impedir “desproporcionais” a usarem as maravilhas da moda ou das cores. “Roupa estampada não combina com calça xadrez”. Eu combino as roupas que eu quiser. Eu uso o que eu tiver vontade, e não é uma revista burguesinha de moda que vai me falar com o que eu devo combinar a minha jaqueta de couro e nem quantos quilos preciso emagrecer pra caber na skinny da moda. Não tem essa de “o que tá na moda”, tem o que eu faço ser a minha moda.
Se não bastassem pessoas me dizendo qual cor de cabelo deve combinar com o meu tom de pele, muitas vezes julgam meu cabelo = minha orientação sexual. Então, quando estou com meu cabelo curtinho levantado (igual o do Supla, hahahaha) remetendo uma ideia de look mais punk, tudo o que as pessoas veem em sua frente é “uma lésbica bem macho”. Eu não sou uma lésbica “bem macho”, e ainda se eu fosse, o que vai determinar isso é quem eu levo pra cama/quem eu me relaciono amorosamente, e não o que eu escolhi pro meu cabelo dentro de um salão. E afinal: o que seria “bem macho” pra você? Uma pessoa forte, com cara emburrada? Isso não é ser bem macho. Isso todo mundo pode ser, homem ou mulher.
“Use o sutiã desse jeito, porque isso vai aumentar seus seios” ou “usar legging se você for baixinha te deixa mais gorda, evite” são coisas completamente banais e me dói ver pessoas alimentando esse tipo de ideia, mesmo que sem culpa direta. Por que a baixinha não pode usar legging? Por que isso engorda as pernas dela? Mas se engordar, qual é o problema ser gordo? Por que ser gordo é feio? E por que eu tenho que usar sutiã com um pouco de bojo já que eu tenho menos peito? Por que ser “despeitada” é feio? E quem é que te falou isso? Se forem os padrões sociais estéticos, desculpe, não tô afim de seguir.
Então, se você quer ter estilo punk, pintar o cabelo colorido, enfiar piercings e alargadores onde você quiser ou simplesmente usar uma legging, não pense nos padrões estéticos ou “no que te deixa mais bonita de acordo com a Marie Claire”: pense no que você gosta e no que te faz bem. O corpo é seu, o estilo é seu e só quem deve se meter no seu armário é você mesma. Negra pode usar cabelo colorido, platinado, ser punk, ser pin-up, ser o que quiser. Gordinhas? Idem. Eu? Eu também. Posso usar o que eu quiser e a roupa no tamanho que eu quiser. O corpo é meu. Todo mundo pode ser o que quiser, é só ignorar o que o padrão estético diz. Porque o padrão estético não nos convém.
Seja donx do seu próprio armário, garotx!
E fiquem com mais uma música do Die Toten Hosen porque eu tô gostando cada vez mais deles: Vogelfrei ♥ A música fala justamente da liberdade de viver, e que ela só veio após a morte. Não morra para ter sua liberdade: tenha a sua liberdade agora, para morrer em paz!
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